Passámos o domingo em casa.
Céu limpo. Calor. Vimos, na
companhia da avó, desenhos animados ainda debaixo dos lençóis. [E eu pesarosa
por não a levar a passear.] Ouvimos música e dançámos em frente ao espelho.
Houve colo dos tios, beijinhos do primo. Mesa farta. Conversámos. Rimos. Vimos
um filme. [E eu pesarosa por não a levar a passear.] A Matilde a dormir nos
braços do tio, o primo a fazer um jogo de palavras, feliz, no nosso meio.
Passámos o domingo em casa.
[E eu, pesarosa por não levar a
Matilde a passear], levei-a, vezes sem conta, à janela, e pu-la na
espreguiçadeira, no quintal, enquanto apanhava a roupa do estendal.
Passámos o domingo em casa.
Houve banho quente, leitinho no colo, e muitas cócegas. Cantigas e embalo da avó. E um sono sereno.
Depois, o jornal da noite. Aquele
que foi o pior dia do ano. Centenas de incêndios por todo o país. Casas e
carros destruídos. Animais mortos. O suor de vidas inteiras, em cinzas. Vidas
em perigo. Olhares desesperados. E eu, com o peito em chamas, paralisada por
tamanha catástrofe, a agradecer por todos os meus problemas terem sido não
levar a Matilde a passear.
#pesadelo
#devastação
#obrigadabombeiros
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