Se há coisa que me entristece profundamente é ver como a maior
parte dos adultos reage quando uma criança se manifesta em oposição a outra. “
– Vá Pedro, nem quero ouvir. Não sejas QUEIXINHAS.” Ora imaginem, o coitadinho
do Pedro vai-se sentir, provavelmente, um idiota. “- Mas o Rodrigo bat... –Mas
nada, não quero que estejas sempre a queixar-te dos teus colegas!” E o Pedro
baixa a cabeça, encolhe os ombros, e recolhe-se num canto qualquer da sala.
Esta situação pode ser muito grave! É muito importante
notarmos a natureza da queixa antes de repreender a criança sem quase a deixar
falar. Há queixas que a criança faz para sua própria protecção, e queixas que
usa apenas para causar dano ao outro. Cabe a nós usarmos de bom senso para
resolver a situação. Se o Pedro se queixou que o Rodrigo lhe bateu, e o adulto simplesmente ignorou e ainda o fez sentir-se mal, o Pedro vai crescer
a pensar que é feio fazer queixa dos outros. Se mais tarde sofrer de maus
tratos ou lá o que seja, o Pedro vai ser daqueles adultos que se encolhe, que
se esconde, que não procura a justiça porque “é feio”. Isto até pode parecer
ridículo, mas tem muita lógica. A verdade é que nós arrastamos pela vida fora
as nossas educadoras, os nossos pais, o senhor do autocarro,... A verdade é
que quando somos pequeninos somos tão maleáveis quanto a plasticina, e se não
houver bons artistas ao nosso redor, transformamo-nos em obras inacabadas ou
com lacunas enormes. A verdade é que o Pedro faz milhentas queixas diariamente
e é sempre repreendido. O Pedro recolhe-se frustrado, mas acaba por descarregar
essa frustração noutros colegas. E volta a ser repreendido e, desta vez,
castigado. É lamentável.
Se uma criança se queixa para se proteger, devemos ouvi-la e
analisar a situação. Por exemplo, o adulto deveria ouvir o Pedro e chamar o
Rodrigo para os confrontar. Cada um teria algo a dizer enquanto o adulto teria sempre o papel de amenizar futuros danos: incentivar a se desculparem, a darem
um abraço; a voltarem a ser amigos; explicar porque não se magoa os outros; são
aspectos fundamentais que devemos ter em conta. As crianças não são parvas.
Elas sabem conversar, elas percebem o que dizemos ou o que queremos dizer. É
bom que não as tratemos como meros seres pequeninos que deambulam por aí como criaturinhas que só têm é de ser felizes porque não têm nada com que se
preocupar. As crianças também sofrem pressões, também sentem dor, também se
deprimem, se irritam, se odeiam muitas vezes.
Tratem das vossas crianças, estejam atentos! E sejam
felizes! =)
Sem comentários:
Enviar um comentário