segunda-feira, 2 de outubro de 2017

"Não sejas queixinhas!"

Se há coisa que me entristece profundamente é ver como a maior parte dos adultos reage quando uma criança se manifesta em oposição a outra. “ – Vá Pedro, nem quero ouvir. Não sejas QUEIXINHAS.” Ora imaginem, o coitadinho do Pedro vai-se sentir, provavelmente, um idiota. “- Mas o Rodrigo bat... –Mas nada, não quero que estejas sempre a queixar-te dos teus colegas!” E o Pedro baixa a cabeça, encolhe os ombros, e recolhe-se num canto qualquer da sala.
Esta situação pode ser muito grave! É muito importante notarmos a natureza da queixa antes de repreender a criança sem quase a deixar falar. Há queixas que a criança faz para sua própria protecção, e queixas que usa apenas para causar dano ao outro. Cabe a nós usarmos de bom senso para resolver a situação. Se o Pedro se queixou que o Rodrigo lhe bateu, e o adulto simplesmente ignorou e ainda o fez sentir-se mal, o Pedro vai crescer a pensar que é feio fazer queixa dos outros. Se mais tarde sofrer de maus tratos ou lá o que seja, o Pedro vai ser daqueles adultos que se encolhe, que se esconde, que não procura a justiça porque “é feio”. Isto até pode parecer ridículo, mas tem muita lógica. A verdade é que nós arrastamos pela vida fora as nossas educadoras, os nossos pais, o senhor do autocarro,... A verdade é que quando somos pequeninos somos tão maleáveis quanto a plasticina, e se não houver bons artistas ao nosso redor, transformamo-nos em obras inacabadas ou com lacunas enormes. A verdade é que o Pedro faz milhentas queixas diariamente e é sempre repreendido. O Pedro recolhe-se frustrado, mas acaba por descarregar essa frustração noutros colegas. E volta a ser repreendido e, desta vez, castigado. É lamentável.
Se uma criança se queixa para se proteger, devemos ouvi-la e analisar a situação. Por exemplo, o adulto deveria ouvir o Pedro e chamar o Rodrigo para os confrontar. Cada um teria algo a dizer enquanto o adulto teria sempre o papel de amenizar futuros danos: incentivar a se desculparem, a darem um abraço; a voltarem a ser amigos; explicar porque não se magoa os outros; são aspectos fundamentais que devemos ter em conta. As crianças não são parvas. Elas sabem conversar, elas percebem o que dizemos ou o que queremos dizer. É bom que não as tratemos como meros seres pequeninos que deambulam por aí como criaturinhas que só têm é de ser felizes porque não têm nada com que se preocupar. As crianças também sofrem pressões, também sentem dor, também se deprimem, se irritam, se odeiam muitas vezes.


Tratem das vossas crianças, estejam atentos! E sejam felizes! =)

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